27 março 2010

Centro de Eutanásias

Título alegre este...

Mas eu tinha que usá-lo, após 12 horas ( é dose, doze!!...) de espera com uma fita amarela no braço, usada no Hospital Garcia de Orta para indicar "Urgência".
Venham daí, eu explico.
No dia 25-03-2010, acordei. Até aqui, não me queixo...
Só comecei a queixar-me quando verifiquei que o meu braço esquerdo ( com antebraço e mão incluídos ), estava tão insensível como um político e tão dormente como o Governo.
Corri para o espelho ( na verdade, fui devagarinho ) para confirmar ou desmentir o que eu temia.
Temia que o torpor se devesse a algo do foro cardiovascular o que, felizmente, não se confirmou.
Admitam... Aquela do "foro cardiovascular", lá mais para trás, ficou bem na frase, não ficou?
Bem, mas como eu ia dizendo, verifiquei , na imagem do espelho, que a minha cara se encontrava saudavelmente feia, como sempre foi, sem deformações extra.
No Centro de Eutanásias - perdão, no Hospital - e depois da triagem, colocaram-me uma fita amarela no pulso e mandaram-me morrer, para junto de outras 120 pessoas, aproximadamente, que se encontravam na sala da morte (perdão, eu queria dizer sala de espera).
Esperei...esperei...esperei... não almocei... esperei...não lanchei... esperei... não jantei... e desesperei.
Dois pontos positivos:
1 - Duas senhoras incansáveis, andaram pela sala a distribuir jornais, revistas e bolachas, sandes ou maçã assada. Tive azar, nunca estavam a olhar para mim quando eu levantava o braço (o direito, que o outro estava off).
2 - Descobri que a qualidade do médico que me atendeu é directamente proporcional ao tempo de espera, isto é, calhou-me um profissional como poucos!
Cada palavra, cada gesto, denunciava um saber, uma experiência, um profissionalismo muito acima da média.
Quanto ao resto do serviço... ai, o resto do serviço...
Até o vigilante foi escolhido num leilão de vigilantes muito usados ou, melhor, numa loja de vigilantes descontinuados ou avariados.
Era de uma faltinha de tudo!!!... Chegou a convencer-se de que aquelas pessoas que lhe garantem o ordenado - NÓS - eram criminosos em prisão preventiva ou coisa pior, a julgar pela falta de educação, formação e profissionalismo que demonstrou.
Um dia gostaria de explicar-lhe, muito basicamente, qual o papel que deveria desempenhar na sociedade.
Mas todo este "blá blá blá" é para deitar cá para fora um convite:
Convido os senhores governantes, presidentes de concelhos de administração dos hospitais e outros que tais, a deixar de lado os seus caros (caríssimos) médicos particulares e passarem a "tratar-se" no Garcia de Orta. Mas sem privilégios!!!... Registo, triagem e espera iguais à "ralé"!...
E não pensem que a pulseira "Urgente" quer dizer "Urgente", senão decepcionam-se.
Olha... adormeceu toda a gente... A minha mulher bem me disse para eu sintetizar, mas... Sou tão mau a português, sei lá o que é isso!!
Mas eu volto...

2 comentários:

Lenita Nabais disse...

Um artigo muito bem escrito, que infelizmente tiveste que sentir por ti mesmo! Lamento como vai a saúde neste país, onde pagamos por tudo e por nada! Pior é quem sofre e tem que esperar!
Pensemos sempre positivo, pois é este o melhor remédio!
Carlos: aconselho-te a ires a uma consulta particular, para prevenir! Desejo-te muita PAZ, saúde e tudo numa boa, a correr pelo melhor!
A melhor resposta é: Om Shanti(eu sou ser de PAZ!) Sem comentários!
Bjokas e cuida de ti! Gosta de ti!
Presenteia-te sempre! Gostei de ler o teu perfil, pois apesar de não te conhecer pessoalmente, é assim que te idealizo.
Boa Páscoa!!!

Lenita Nabais disse...

Agir como a Água!
“Existem momentos na vida onde acreditamos que tudo é complicado, difícil!
Momentos estes que parecem não ter fim...
Situações, conflitos internos e externos; dificuldades, obstáculos!
Mas se reflectirmos bem, e usarmos o exemplo da água; descobriremos a nossa força!
Agir como a água: Ela não desafia, não tenta derrubar os obstáculos; ela contorna e segue em frente!
Não se deixa abalar, porém, é insistente no seu trajeto, continua silenciosamente e serenamente até atingir seu objetivo – o encontro com o mar!
Quando nos deixamos de lado, lutamos contra nosso fluxo natural, e ao invés de seguirmos o curso da água, nadamos contra a correnteza!
E neste momento, surgem conflitos potencializados; porque “nadar contra a correnteza” é agir com o intelecto...
Acompanhar a água é permitir o fluir, o natural, o sentir!
É a entrega silenciosa à Criação; tendo a certeza que tudo ficará em seu devido lugar, a partir do momento que se abandona o intelecto e tenta-se agir em conformidade com a Lei Natural da Vida...
Deixar de ser uma gota e misturar-se ao lago é o mesmo que deixar de ser “intelecto” e tornar-se “Universal”!
Porque é no Universal que está a abundância, e não na tagarelice mental que tenta resolver tudo a seu jeito!”
(By Gênice Suavi)
Medita neste texto! Bjokas